Fui demitido, e agora?

Na prática, Jaspe fez um inventário do seu patrimônio, tangível e intangível, naquele momento.

Diferentemente da postagem “Acho que serei demitido, e agora?” na qual fizemos uma análise mais técnica e sugerimos alguns caminhos, desta vez vamos contar uma história*. Uma história inspiradora acontecida no início de 1987, mas que não poderia ser mais atual. E – pasmem! – com o contexto criado pelas mesmas causas do momento atual: um partido político havia maquiado a realidade para ganhar as eleições no ano anterior. Acreditam?

Neste episódio, o protagonista não havia se preparado para a demissão, pois nem em seu pior pesadelo, podia imaginar que seria desligado da empresa estatal na qual estava construindo uma carreira ascendente.

Que esta história lhe promova reflexões, inspirações e ideias mobilizadoras!

“Assim que chegou ao trabalho, Jaspe foi comunicado que deveria comparecer à sala do seu chefe. Ao chegar lá, com a fluência de quem havia ensaiado bem o que queria falar, o homem disse-lhe apenas:

Jaspe, eu gostaria muito de estar lhe chamando aqui para tratarmos de um novo projeto. Entretanto – prosseguiu com a frieza de uma pedra –, é para lhe comunicar que a empresa não precisa mais dos seus serviços. Dê-me o seu crachá, pois a partir deste momento você já não é mais “nosso” empregado. Aqui tem duas caixas para você juntar suas coisas, e aquele guarda – completou, apontando para um vigilante que estava de pé do lado de fora da sala –, irá conduzi-lo até a portaria.

Assim, com esse ritual curto, insensível e formal, encerrava-se para Jaspe aquele ciclo de quase dez anos na empresa.

Nos minutos seguintes, enquanto era conduzido à portaria, Jaspe ainda pensou: “como a vida da gente pode tomar um rumo tão diferente em tão poucos dias?!”. Uma carreira de sucesso se transformara em pó como que por um toque de mágica.

O momento era difícil para o país, com a inflação descontrolada, greves pipocando por todo lado, a economia desaquecida e o desemprego crescendo vertiginosamente. Com certeza, este cenário não era nada animador para nosso protagonista.

Além disso, como ele iria explicar nas entrevistas de emprego o motivo de sua demissão? Convenhamos, Jaspe estava metido num problemão.

Nesse ponto de seus estudos sobre a vida – que se transformaram em seu principal hobby –, Jaspe já havia desenvolvido o hábito de fazer registros em uma espécie de diário. Nele, anotava as principais vivências do dia, complementadas com o registro também dos conceitos que as embasaram, uma análise da situação e, quando conseguia captar, registrava também as lições aprendidas.

Dando uma folheada no seu caderno, deparou-se com a seguinte anotação, acompanhando uma vivência de alguns meses antes:

“Você deve colocar os problemas dentro da vida e não a vida dentro dos problemas.” (Raumsol)

Essa orientação lhe pareceu muito oportuna em função do problema que estava vivendo: “ele era um desempregado”.

Logo, o que deveria fazer seria colocar o problema dentro da vida, ao invés de fazer o contrário. De cara, ele mudou o verbo: em vez de “era”, optou por colocar que “estava” desempregado.

Na prática, Jaspe fez um inventário do seu patrimônio, tangível e intangível, naquele momento: sua especialidade profissional em automação e controle de processos, uma profissão nova e valorizada para a época; sua rede de relacionamento profissional; seus filhos; sua esposa, que já lhe havia oferecido apoio incondicional; seus amigos, que eram poucos, mas sinceros; uma reserva financeira para o sustento da família durante um tempo; seu otimismo e a confiança no futuro, que, a seu jeito, ele sempre mantivera acesos.

O interessante é que, a cada elemento novo que registrava do seu patrimônio, maior ficava sua vida e menor o seu problema.

A seguir, fez uma análise do cenário externo, procurando identificar os aspectos positivos. Entre outras coisas, verificou que no país existiam pelo menos quinhentas empresas do porte daquela em que trabalhara. Destas, pelo menos umas cinquenta tinham em seus quadros uma função compatível com sua experiência, existindo, portanto, um bom campo para apresentar o seu trabalho. Além disso, com sua idade e seus filhos ainda pequenos, seu limite era o mundo.

Munido de uma disposição de ânimo inspirada e sustentada pela forma como organizou os pensamentos dentro de sua mente, Jaspe partiu para a luta. Afinal, ele já sabia também, em função de seus estudos, que sua vida era o espelho dos seus pensamentos. Assim, pegou sua máquina de escrever, montou seu currículo, tirou umas trinta cópias, fez vários contatos e as despachou pelo correio.

Para encurtar a história, os chamados das empresas começaram a surgir. Jaspe viajou milhares de quilômetros para entrevistas e exames. Acostumado a ficar em hotéis de luxo nos seus tempos de bem empregado, agora, para preservar suas reservas financeiras, achou prudente se adaptar a hospedagens bem mais modestas. Por mais de uma vez, deparou-se com realidades duras, das quais sempre fora isolado pela estabilidade dos muros da imponente empresa que o abrigara na última década. Guardadas as proporções, realizava uma jornada de descobertas e um choque de realidade como o que vivera o príncipe Sidarta Gautama quando conseguiu fugir da redoma em que vivia. Recebeu muitos “nãos” e, por vezes, viveu situações constrangedoras para explicar os motivos de sua demissão, nem sempre compreendidos ou aceitos.

Entretanto, sua batalha não foi inglória desta vez. Cinquenta dias depois, Jaspe havia cavado quatro oportunidades de recolocação profissional. Escolheu a mais distante, a mais desafiadora, mas que também oferecia as melhores condições de remuneração e carreira.”

Reflexões:

  1. O que esta história lhe inspira?
  2. O que pode ser colocado em prática?
  3. O que você faria diferente?

Para concluir, você sabia que o processo de Coaching pode ser um bom aliado numa hora dessa?  Faça-nos uma consulta! Temos condições especiais para pessoas em transição de carreira.

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(*) Trecho do livro Os 7 Portais de Jaspe.

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Sobre o autor | Website

João Carlos Rocha é coach de executivos, consultor empresarial, palestrante e escritor. Atua nas maiores e melhores empresas do Brasil, prestando consultoria nas áreas de planejamento estratégico, team building e gestão de pessoas. É coautor do livro Ser Mais com T&D e autor do livro Os 7 Portais de Jaspe.

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