“Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns
e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.”
José Saramago
Quem pintou este rosto no espelho?
Foi o tempo!
Será? Aproveitei alguns dias de folga para dar um descanso também para a pele do rosto, deixando a barba por fazer. Ao ver-me no espelho esta manhã, me assustei. Quem é este ai? Quem pintou este rosto?
A resposta primeira foi: o tempo, esse malvado! Mas, seria injusto imputar somente a ele a responsabilidade. No máximo ele foi testemunha, uma vez que estava presente em todos os atos.
Penso que esta obra tem vários autores. Primeiro, a própria Criação com suas leis físicas e metafísicas puxando uma ruguinha aqui, tirando a cor de um cabelinho ali, derrubando o utro acolá. O temperamento, tempero que vem da Terra. A influência dos Astros, por que não? O Senhor Destino, ligando e desligando fios invisíveis. Depois, os demais; amigos, colegas e desafetos, cada um a seu jeito dando a sua pincelada. Finalmente, mas não necessariamente nesta ordem, eu mesmo, com meus pensamentos, meus fracassos e acertos.
O resultado é isso, uma obra que bem poderia se chamar impressão facial. Única, que não se pode avaliar em dinheiro, que revela aos que souberem lê-la toda uma trajetória, toda uma biografia.
Com relação a ser o primeiro dia, o último ou apenas mais um; o que não dá mesmo para saber é se será o último. Só não quero que seja apenas mais um. Por isso, faço dele o primeiro, o primeiro dia do resto da minha vida, aproveitando para plantar aqui e agora uma semente, que espero, ao seu tempo germinará.
Afinal, faz algum tempo que resolvi ser o protagonista deste grupo de artistas, pois aprendi que se eu não pintar na minha tela, alguém vai pintar e pode ser que eu não goste do resultado.
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